quinta-feira

Fundador da Ordem da Santíssima Trindade

SÃO JOÃO DE MATHA, FUNDADOR DA ORDEM DA SANTÍSSIMA TRINDADE

O fundador da Ordem da Santíssima Trindade, nasceu aproximadamente no ano de 1155, em Faucon, na região de Provença, no sul da França, de uma família de boa posição social. Em sua juventude, estando em Marselha para concluir os estudos das artes liberais e filosofia, pode perceber o problema social criado pela pirataria dos sarracenos no Mediterrâneo e suas centenas de cristãos cativos, tendo tal fato influenciado em sua opção vocacional posterior.

Realizou os estudos teológicos na escola anexada à catedral de Paris, preludio da futura universidade de Sorbonne. Paris era a capital intelectual de seu tempo e plataforma de lançamento para as cruzadas. Após a conclusão de seus estudos, ensinou teologia, ao mesmo tempo em que iam amadurecendo a sua inclinação à vida religiosas, despontada desde sua juventude. Porém em Paris, podia-se vislumbrar em toda a sua extensão, os problemas sociais e religiosos também: a dramática situação de uma sociedade acossada pelo mundo muçulmano. O confronto armado entre a Cristandade e o Islão - as chamadas cruzadas ou guerra santa, somava-se as ambições de um comércio florescente, originando um intenso tráfico de escravos, sobretudo nas costas mediterrâneas, bem como as empresas bélicas levadas por Saladino, conhecido como o “chicote dos cristãos”, que em 1187, após vencer as tropas cristãs na batalha de Hattin (Tiberíades), tomou Jerusalém e arrasou seus templos e monastérios, motivando assim a organização da III Cruzada, a qual, ao fracassar, acarretou um número incontável de novos cativos cristãos. A cristandade, de acordo com a cosmovisão da época, chorava por seus filhos cativos, temendo que estes, antes de tudo, caíssem na apostasia. João de Matha, homem de cerne religiosa, freqüentava a Abadia de São Vítor, onde celebrava a liturgia das horas com os frades, e pedia insistentemente a Deus, que o revelasse a missão que deveria abraçar. No dia 28 de janeiro de 1193, ao celebrar a sua primeira missa, estavam entre os presente o bispo de Paris, Mauricio de Sully, o abade de S. Vítor, Roberto e seu mestre de Teologia, Prevostino. Ao chegar no momento central da missa, suplicou ao Senhor, que se fosse sua vontade, lhe mostrasse em qual Ordem deveria ingressar com toda segurança. Eis que, erguendo os olhos para o alto, “viu a majestade de Deus e o próprio Senhor sustentando pelas mãos a dois homens acorrentados pelos tornozelos: um negro e sisudo, e o outro branco e abatido”. Tal relato milagroso contem inúmeros indícios históricos de autenticidade, como bem o provam o escudo e o selo que o próprio fundador quis plasmar tendo a figura de Cristo Redentor sentado no meio de dois cativos: um mouro e o outro cristão (com uma cruz na mão). Um deles, um mosaico no frontispício do hospital romano de São Tomé in Formis, Roma, datado do ano 1210, exibe em seu contorno o título da Ordem: “Signum Ordinis Sanctae Trinitatis et Captvorum”, e pode ser visto ainda hoje. Sendo assim, este foi o começo e motivo que deu origem a Ordem da Santíssima Trindade e dos Cativos, pois a partir desta data, João de Matha assumiu o projeto que Deus o havia revelado e associou a si vários que se dispuseram a concretizar os seus propósitos, entre estes, um grupo de ermitãos que o acolheu quando iniciou sua viagem para Roma, em Cerfroid, entre os quais estava São Félix de Valois, mais tarde considerado ele também co-fundador da Ordem. Tendo a Ordem expandido-se rapidamente, teve a sua Regra aprovada pelo Papa Inocêncio III em 17 de dezembro de 1198. Segundo esta, o campo apostólico dos Trinitarios refere-se à obras de Misericórdia, em particular à libertação dos escravos. Tendo como raiz a caridade, e bebendo no coração da mensagem evangélica, os Trinitarios encontraram uma forma, segundo o próprio Papa Inocêncio III, para libertar os prisioneiros de guerra cristãos e muçulmanos, com evidente vantagem, tanto de uns como dos outros. Assim, o projeto do Frei João da Matha, nascido da e na cultura cristã, teve grande apoio e foi feito próprio pelo Papa Inocêncio III, o qual lhe conferiu o espaço de ação na cristandade inteira, acompanhando-o com sua autoridade de Vicarius Christi. O próprio Papa apresentou o projeto ao chefe da dinastia Almohadi dos Berberes, no dia 8 de Março de 1199, como que realizando um primeiro movimento de sabor internacional em favor do serviço humanitário.

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